Decidi fazer uma análise extensa do episódio 30 da temporada
14, “Preto e Branco”. Não houve nenhum motivo especial que me tenha levado a
decidir analisar este episódio, simplesmente achei que devia analisar extensamente um episódio da temporada mais recente e, embora haja outros episódios
que provavelmente também mereçam uma análise (dado serem muito bons), este aqui
“saltou-me” à vista e então eu disse “Porque não?” e cá está.
Este é um episódio sólido, bastante interessante,
principalmente a nível da animação. Qual o “tema” do episódio, se é que podemos
considerar que há um? O Cinema. A meu ver, este episódio presta homenagem ao
cinema europeu (sem se desprender nunca dos filmes japoneses, claro,
principalmente no “filme principal” do episódio). Mas já lá vamos.
O episódio começa num recinto de combate. Um Golurk de uma
treinadora defronta um Escavalier de um treinador. Mas… Os treinadores têm algo
nos seus braços! A treinadora diz que
vai usar o seu Lançador Excelso e após inserir um pequeno disco na parte do
Lançador mais perto do cotovelo vemos pela primeira vez o Ataque X na série
animada! “Lançador Excelso” é o nome português para o “Wonder Launcher”, uma
tradução bastante curiosa e levemente original. “Ataque X” é, obviamente, “X
Attack”. O adversário riposta fazendo algo semelhante e depois os dois Pokémon
avançam ferozmente um contra o outro e... um narrador interrompe. Não é o
“nosso” narrador, mas sim um outro interpretado pelo Pedro Mendonça, revelando
que o que estávamos a ver era um pequeno teaser de um filme.
Recordo-me de ter visto este episódio quando ele estreou no
Japão e de ter pensado, logo que esta cena começa, “Lá me enganei eu outra vez
nas horas”, até me aperceber que era mesmo Pokémon que eu estava a ver.
“Guerreiros Excelsos, o Filme, Parte 24: O Mistério do
Lançador Excelso” é o nome do filme, apresentado pelo Pedro Mendonça (novamente
mostrando que merece ser o locutor de grande parte das coisas que requeiram
locutor, pois nisto ele é mesmo irrepreensível). Garanto-vos que veria este
filme, nem que fosse só pela banda sonora, que nesta cena esteve bem.
Vemos o Ash, o Pikachu, a Iris e o Cilan a verem também este
teaser. O Ash mostra-se entusiasmado, mas… Não tem nada a ver com o Cilan, que
irrompe pela cena anunciando que é “hora do cinema!”, revelando
de forma entusiástica alguns detalhes do filme, tal como o facto de esta ser a
quinta actriz a interpretar a Guerreira Excelsa. Diz também que a sua preferida
é a terceira actriz, embora tenha sido “substituída logo a seguir”! O Cilan
revela-se um… Perito de Cinema!
Ora bem, agora eu vou “sobre-analisar” um pouco esta série
de filmes dos “Guerreiros Excelsos”. Com toda a certeza que estes números são
aleatórios e só foram usados pela piada, mas eu consigo encontrar algumas
semelhanças com uma série de filmes que todos nós conhecemos. Em “Guerreiros
Excelsos”, temos 24 filmes e 5 actores para a personagem principal, sendo o
terceiro um actor de curta duração, mas que bastou para ser o preferido de um
Perito de Cinema. Estes números, embora não iguais, apenas parecidos, fazem-me
lembrar uma série de filmes que até já teve algumas referências directas na
série. Refiro-me a “James Bond”. Parece rebuscado, mas analisem lá isto comigo:
na altura em que o episódio foi feito, já havia 22 filmes oficiais de “James
Bond” lançados, estando já anunciado o 23º, “Skyfall”. Sabemos que há filmes
não oficiais de “James Bond”, mas podemos muito bem considerar um dos filmes
não oficiais como um filme “a sério”. Refiro-me ao “Never Say Never Again” que,
apesar de não ser oficial, tem como James Bond o Sean Connery, que foi o
primeiro actor de sempre a interpretar o espião britânico. Considerando este
filme, à data do episódio havia 23 filmes e o 24º já estava anunciado. Igual ao
“Guerreiros Excelsos”.
Depois, quanto ao número de actores a fazer de personagem
principal, em “Guerreiros Excelsos” foram 5, mas em “James Bond” a diferença é
de apenas 1, havendo 6 James Bond. Consideremos também que a actriz preferida
do Cilan, um Perito de Cinema, é a terceira, uma actriz de curta duração. Os
dois actores que foram James Bond por muito pouco tempo foram o segundo (George
Lazenby) e o quarto (Timothy Dalton). Nenhum destes é o terceiro, mas eu
consigo encontrar algumas coisas em comum. Vejamos, se considerarmos como
“Peritos de James Bond” aqueles que lêem os livros, basta fazermos uma pesquisa
no Google para confirmarmos que é da opinião deste público que os melhores
James Bond foram exactamente o segundo ou o quarto, precisamente aqueles que o
foram durante pouco tempo. Parecidíssimo com “Guerreiros Excelsos”.
Se eu acho que é propositado? Muito dificilmente, nem sei se
“James Bond” é popular no Japão! Mas é possível? Bem, muito pouco, mas até é.
Mas continuemos.
Depois de o Cilan anunciar que é um Perito de Cinema, a Iris
fala do Festival de Cinema da Vila dos Dragões.
Atrás do Ash, aparece a quinta actriz da Guerreira Excelsa
principal! Tudo fica surpreso, mas passado um pouco já não é a Guerreira
Excelsa atrás do Ash. É, sim, a Iris! Há duas Iris, agora? Claro que não. É
tudo obra de um Zorua!
Passa o genérico e vem o título, escrito em português. “Hora
de Cinema! A Zorua Protagoniza “A Lenda do Cavaleiro Pokémon”!”, um título
gigante que é a tradução literal do título americano, que, por sua vez, é muito
semelhante ao título japonês.
Após usarem o Pokédex para analisar o Zorua e comentarem o
facto de este ser um Pokémon raro, o seu treinador aparece. Um rapaz que parece
tirado da série animada “Heidi” aparece acompanhado por um Golett a carregar
uma câmara de filmar.
A Zorua, matreira, usa o seu poder “Ilusão” para se
transformar no Pikachu, procurando confundir os treinadores! O Luke agarra um dos Pikachu e pensa ter o
correcto, mas… Relâmpago. E o Ash sabia qual o Pikachu verdadeiro! Boa!
Seguidamente, a Iris tem dois Axew na cabeça! Um deles tem
expressões nada próprias do Axew da Iris. O que mete mais piada nestas
situações são mesmo as expressões faciais do Zorua enquanto está convertido
noutros/noutras Pokémon/pessoas.
O treinador da Heidi tenta agarrar o Zorua do cabelo da
Iris, procurando no cabelo dela, mas ela não gosta muito! Então o treinador
apercebe-se e fica embaraçado, optando por tomar uma decisão mais drástica, que
é a de usar a Pokébola para que o Zorua retroceda. Digamos já “a” Zorua, que é
assim que o rapaz a está a tratar e todos nós já o ouvimos, não nos façamos de
estúpidos. Claro que o Ash e os outros não são tão perspicazes quanto nós, e só
depois do rapaz lhes dizer que a Zorua é fêmea é que eles se apercebem de tal.
Mas depois de o rapaz tentar usar a Pokébola, a Zorua usa o Bola
Sombra e foge. O miúdo fica desanimado e vai “ter de parar as filmagens”. Este
rapaz apresenta-se como Luke (sei que é difícil que seja referência, mas não
deixo de associar o nome dele ao Luke Skywalker ou ao próprio George Lucas) e
explica que a Zorua é a actriz principal de um filme que ele está a realizar.
O dobrador do Luke é o Mário Santos, o mesmo dobrador do
Meowth.
O sonho do Luke é ser um grande realizador de cinema! Quando
apresenta o seu Pokémon Golett aos miúdos, este mostra o seu poder… a mexer na
claquete!
Os três miúdos e os seus Pokémon apresentam-se, e o Cilan
não consegue deixar de lado que é um Perito de Cinema!
O Luke decide contar-lhes como foi que a Zorua desapareceu
primeiro. Vemos o Luke a filmar a Zorua como uma bela princesa medieval num
parque com um barco de piratas, e quando o Luke lhe pede para se transformar
agora num pirata, esta fá-lo, mas prontamente regressa à princesa. Quando o
Luke insiste no pirata, a Zorua faz uma cara de aborrecida enquanto princesa
(lá está a animação a brilhar, é de Masaaki Iwane, com as suas expressões muito
bem conseguidas). A Zorua, contrariada, transforma-se no pirata, depois
transforma-se no cavaleiro, mas rapidamente volta à princesa, sendo só assim
que está satisfeita. Mas quem não está nada satisfeito com isto é o Luke, que
não percebe nada de Pokémon fêmea e insiste, levando a que esta fuja dele.
Voltamos ao mundo real, e decidem ir procurar a Zorua.
Enquanto isto acontece, três vultos espiam os fedelhos. Oh,
não, mas quem serão eles? Todos com sobretudo e chapéu de feltro… Comentam que
é verdade o que ouviram acerca de haver um Zorua na cidade. O senhor mais alto
diz que os Zorua são Pokémon muito raros, e a senhora comenta que o facto de
este ser um Pokémon capaz de se transformar torna-o numa boa aquisição para a
Team Rocket! Oh, já percebi quem são! E decidem que têm de apanhar a Zorua!
Nesta cena, os três estão muito bons. O James está como eu
gosto de o ouvir, num registo grave e falando com distinção, a Jessie está
também com o seu tom mais grave e determinado, impondo respeito, e o Meowth
está como costuma estar sempre – muito bem. No fim da análise deixo-vos um vídeo com as cenas todas da Team Rocket do episódio.
Gosto muito do detalhe de nesta cena, enquanto eles falam,
conseguirmos ver que o teaser do filme “Guerreiros Excelsos” está em loop atrás deles, noutro plano. E,claro, a animação está irrepreensível. Aquele olhar subtilmente ameaçador do James nunca iria permitir uma má interpretação.
De seguida, aparece uma imagem de um filme num cartaz que,
com toda a certeza, é uma referência a algum filme. Ora vejam.
O Luke conta como conheceu a Zorua. Esta cena é bastante
curiosa, pois nela temos três cenas de três filmes do Mundo Pokémon, sendo a
primeira acerca de uma rapariga que no fim se revela um ser de outro mundo,
outro com a Cleópatra e por fim um filme a preto e branco. Se houvesse forma de
descobrir se há aqui alguma referência mais directa a algum filme, seria
óptimo, pois eu suponho que há, apesar de não conseguir descobrir a quê. A
parte da Cleópatra pode ser referência a muita coisa, e provavelmente até é
mesmo só uma referência aos vários filmes que a retratam, não apenas a um.
É engraçado como as três figuras femininas têm voz de Zélia
Santos, e o que eu acho mais curioso nisto é que a voz usada na rapariga a
preto e branco é um registo que eu associo às dobragens antigas, o que cria
algum sentimento de nostalgia, apesar de ser a primeira vez que estamos a ver
aquela cena.
Enquanto o Luke vê estes filmes da zona de projecção, vai
reparando que a personagem principal está na plateia! Quando decide ir
investigar, após ver o filme a preto e branco, a personagem aparece atrás dele!
E aparece a preto e branco. Eu pessoalmente ficaria assustado se aparecesse
alguém a preto e branco atrás de mim, mas o aspirante a realizador apenas lhe
pergunta de quem se trata. Aparece a Zorua, que depois de transforma numa outra
princesa, e o Luke convida-a a participar no seu filme, e ela aceita.
De volta à realidade, aparece o director do cinema e
projeccionista Sr. Matthews, dobrado por Rodrigo Santos, que os informa que a
Zorua está dentro do cinema. E ela está mesmo, a assim que eles chegam ela está
em cima do palco transformada na princesa medieval – a Princesa Yuria -,
virando-se repentinamente para eles quando eles entram.
O Cilan chega à conclusão que, por ser fêmea, a Zorua apenas
quer fazer o papel de princesa, e a Pokémon acena, confirmando. O Cilan sugere
então que sejam ele, a Iris e o Ash a fazer os outros papéis! O Luke gosta da
sugestão e chama o seu Leavanny, pedindo-lhe que trate do guarda-roupa. A Iris oferece a sua ajuda (e a dos amigos) e
o Sr. Matthews diz que há muito espaço livre no armazém. Está tudo a correr bem
para o nosso futuro realizador!
E começa uma montagem
com os miúdos a preparem-se para fazer o filme do Luke! Começamos por ver o
próprio realizador atarantado com o guião; depois vemos a Iris e os outros,
incluindo o Swadloon do Ash, a tratarem do guarda-roupa; de seguida o Ash
aparece com uma sanduíche numa mão e um martelo noutra; vemos vários desenhos
de cenas idealizadas, novamente com uma animação interessante; continuam a
tratar dos adereços e, finalmente, o guião está pronto, acabando os nossos
heróis por dormir uma sesta.
O Luke faz uma apresentação do enredo do seu filme, cujo
nome é “A Lenda do Cavaleiro Pokémon”. A Princesa Yuria é raptada pelo Capitão
Cilan do Reino Paleta (cujo nome é parecido com o da aldeia natal do Ash!) e
então o D. Ash parte numa demanda para encontrar a Mestre Dragão Iris e, após
ultrapassar muitos obstáculos, derrota o Capitão Cilan e salva a Princesa
Yuria, com a ajuda do seu leal Pikachu!
O Ash comenta o facto de ser uma história fantástica (e
original, também).
De seguida, comenta com o Pikachu que eles são os
protagonistas. Esperem. A Iris corrige-o, dizendo que a protagonista é a
Princesa Yuria. Esperem. Vira-se para o Cilan e diz que é pena que ele seja o
vilão. Esperem… E cá está! O Cilan, após a Iris se virar assustadoramente para ele, ensina à Iris o quão cruciais os vilões são para os filmes de acção, e
explica que os actores que fazem de vilão têm de mostrar uma personalidade
complexa para engrandecer o herói – fazendo do próprio Cilan um herói!
Começam as filmagens. O Luke está com a câmara de filmagem,
o Golett está com a Claquete, o Leavanny do Luke está a segurar algo (um
espelho ou algum quadro com indicações?) e a Iris está com um guião na mão,
pronta a “dobrar” a Princesa Yuria. No cenário, o Capitão Cilan, o Pansage e a
Zorua (após a sua transformação na Princesa Yuria), assim como o Ash e o
Pikachu, estão a postos.
Mas… Assim que começam a gravar, o Ash revela o seu
nervosismo todo, não conseguindo dizer as suas falas em condições! Quando o
Luke faz uma pausa, o Ash mostra o seu alívio, respirando fundo e mantendo a
sua mão numa posição relaxada. O Ash admite ser mais difícil do que ele estava
à espera e… uma mão pousa no seu ombro! O Cilan aparece e pergunta-lhe se ele
viu o filme “Yamask da Ópera” (referência óbvia a “O Fantasma da Ópera”, o que
junta o Pokémon à longa lista de séries animadas que fazem referência à obra)
e, num momento de delírio, ensina ao Ash que tem de conseguir entrar na
personagem para conquistar o público e não haver lugar para os nervos! Mas o Ash não o percebe.
Adoro esta cena, já há muito tempo que ela me saltou à vista
e já a vi algumas vezes. Começa pelo facto de Raquel Rosmaninho ter feito um
Ash nervoso muitíssimo bem, mas o grande destaque vai para o delírio do Cilan, com
Pedro Manana a alterar o seu registo consoante as poses do Cilan e a falar de
uma forma muito teatral! Bravo.
Depois de o Luke explicar ao Ash que ele tem de dar o seu
melhor, recomeçam as gravações, e desta vez o Ash já consegue representar. O D.
Ash ordena ao Capitão Cilan que liberte a Princesa Yuria, mas este diz que não
o fará.
O Pikachu usa Electro-bola, mas o Pansage defende com Raio
Solar, que é mais potente e atinge o Ash e o Pikachu! A Princesa Yuria, dobrada
pela Iris, que por sua vez é dobrada por Isabel Queirós, diz “Oh não!”, e o
Capitão Cilan lança um ecrã de fumo e deserta.
E o destaque nesta cena vai para quem? Pedro Manana, outra
vez! Esta “voz de vilão” do Cilan está muito interessante, e só me deixa a
imaginar no quão interessante seria ver Pedro Manana a interpretar um vilão num
episódio futuro! Quem sabe.
O Luke gostou e agora passam à cena em que o Cavaleiro
Pokémon é treinado pela Mestre Dragão, interpretada pela Iris (que tem dois
papéis no filme, ora!). Começa um combate entre o Pikachu e o Axew, mas o
Pikachu vai longe demais e causa danos ao Pokémon Dragão.
A Iris comenta que o Axew não consegue esquivar-se, então o Luke
sugere que o Pikachu o ataque mais devagar, mas o Cilan, correctamente, diz que
assim o combate perde emoção, sugerindo então que o Axew use o Fúria do Dragão
contra o Pikachu.
Take 2! Desta vez o Axew usa o Fúria do Dragão e derruba o
Pikachu! A Mestre Dragão diz ao Cavaleiro D. Ash que tem de combater com mais
coração e manda-o atacar com mais força e, desta vez, o Pikachu usa
Electro-Bola seguido de Relâmpago, o que faz aumentar a potência da
Electro-Bola e, assim, não permitir que o Pikachu fraqueje devido ao Fúria do
Dragão. Ocorre uma explosão… E a Mestre Dragão desaparece, mas não sem antes lhe
dizer (pelo vento?) que o D. Ash é livre de partir em busca da Princesa Yuria.
Gostei muito de ouvir a Mestre Dragão a conjugar os verbos
como se estivesse a dizer “você” (apesar de não ter usado esta palavra).
Decidem ir para a cena final. Mas… Novamente, três vultos
ouvem a conversa. E são os mesmos vultos de há pouco!
"Agora?"
"Hm, hm."
"Hmm."
Achei esta cena bem interpretada, mesmo que eles estejam só
a grunhir.
O Luke dá indicações acerca da cena final, dizendo-lhes que,
aconteça o que acontecer, a câmara estará sempre a filmar. Perante a hipótese
da Iris de se esquecerem das suas falas, o Cilan sugere que façam ad-libs (um
termo que eu gostei de ouvir no Pokémon) e explica que isto se baseia na
improvisação.
E começam as gravações. Novamente temos a grande voz de
vilão do Capitão Cilan (com uma banda sonora arrebatadora, também, o que tem
sido uma constante neste episódio) e D. Ash chega para salvar a Princesa,
tendo-a descoberto porque os seus corações estão unidos (!). O Capitão Cilan
diz que ele fala como um idiota (o que tem particularmente piada) e começa a
travar um combate entre o seu Pansage e o Pikachu. Novamente temos a combinação
Electro-Bola/Relâmpago, que derrota o Pansage e o Capitão Cilan!
Assim que D. Ash pergunta à Princesa Yuria se ela está
ferida… Um Golpe de Ar inesperado ataca-os! Fará parte do guião? Um forte
eléctrico envolve a Zorua e, quando o Luke pergunta o que é que estão a fazer
ao seu Pokémon…
“O que nós queremos tu nunca irás compreender!“
“E só respondemos se nos apetecer!”
“O Futuro, ofuscado pelas nossas acções.”
“O Universo, dominado pelas trevas das nossas missões.”
“O nome teremos gravado na eternidade!”
“A bela e indomável – Jessie!”
“Ah! O ardente e implacável – James!”
“O génio adorável – Meowth!”
"Agentes da Todo-Poderosa Team Rocket!"
Este lema está bom. Tem um começo brilhante, com a primeira
fala da Jessie, que está ameaçadora e impactante, sendo também de destaque a
dicção da dobradora (por exemplo no “R” no fim da fala). Quando à primeira fala
do James, gosto o facto de ter um “estilo gozão” (como se o James o dissesse a
rir-se dos Totós), mas não gosto lá muito do fim de “apetecer” (apesar de
aceitar, visto também contribuir para dar o ar de gozão ao James a dizer a
fala).
Quanto às seguintes falas, acho que estão bem, o lema está,
globalmente, bom. Mas não está, de todo, perfeito. Nota-se esforço,
principalmente por parte da Raquel Rosmaninho, mas ainda assim sinto que parece
que os dobradores se estão a “conter”, dando a impressão de eles conseguiriam, por
analogia a certas outras partes do lema, fazer um lema ainda melhor. Digo
analogia porque há partes do lema que estão mesmo muitíssimo bem, tais como a
primeira fala da Jessie e a palavra “Futuro”, o que deixa de fora dúvidas do
género “será que conseguiriam fazer melhor?”, pondo antes a pergunta “porque é
que eles não fazem melhor, se o conseguem?”. Mas não estou a dizer mal, o meu
tom é apenas levemente crítico, e estou a adoptar uma postura extremamente
exigente – porque, acreditem, se um lema deste calibre aparecesse na dobragem
americana, seria louvado. Eu é que sou mais exigente porque sei que os
dobradores conseguem (e já fizeram) muitíssimo melhor, apesar de estar um lema
sólido.
Na fala “O Futuro, ofuscado pelas nossas acções.”, acho
impecável a palavra “Futuro”, com impacto no “T”, assim como no “R” (que ganha
impacto devido à dicção da actriz, que o diz muito bem “delineado”). Sabe-se
que eu gosto de quando as palavras são ditas com maior projecção, mas, neste
caso, dada a pose da Jessie, acho que assim fica bem. Mas não direi o mesmo
quanto ao “ofuscado pelas nossas acções”. Também vai na linha de coerência da
pose da Jessie, sendo dita de forma mais calma, dando um ar de vilão mais seguro à Jessie, mas penso que o foi demais. Tanto que acaba por ser um pouco
inexpressiva, dado parecer que a Jessie diz tudo com a mesma expressividade.
Friso que, dada a animação, compreendo o porquê de a dobradora ter optado por
fazê-lo, mas, tendo em conta que é um lema, penso que deveria ter sido dita com
mais expressividade, dando algum tom diferente a alguma das palavras. Por
exemplo, a palavra “acções” poderia muito bem ser dita com mais “veneno”, e
assim a fala seria mais expressiva e continuava coerente com a imagem de vilã
segura que a pose da Jessie dá a entender.
O James faz uma coisa do género na sua segunda fala. A
palavra “trevas” foi dita com uma expressividade diferente do resto, quebrando
uma eventual monotonia que poderia existir caso o actor não tivesse dito
“trevas” daquela forma. Penso que a fala poderia ter muito mais impacto, e ser
dita de uma forma mais “máscula”, mas sem dúvida que a tentativa de dizer a
palavra “trevas” diferentemente é uma nota positiva.
Quanto à primeira fala do Meowth, gostei de como os “D”s em
“gravado” e “eternidade” são muito “à gato”, um mecanismo que Mário Santos tem
usado, e muito bem, com frequência, tornando esta uma fala bem interpretada.
Depois temos os nomes! A fala da Jessie agradou-me. Houve
projecção em “bela e indomável”, e o nome foi dito com alguma garra. Mas, ainda
assim (e friso que estou a ser extremamente exigente com os meus comentários,
sendo-o porque acredito no potencial dos dobradores), senti que falta um toque
ameaçador nas palavras, o que seria coerente com a animação.
Na fala do nome do James, gosto do “Ah” no início, o que dá
um ritmo mais acelerado ao lema, e penso que a fala em si foi bem dita. Mas eu
gostava ainda que o nome “James” em si
fosse dito com mais classe e charme, um pouco ao estilo de James Bond (algo que
o antigo dobrador do James, Rui Quintas, fazia).
Sobre a fala do nome do Meowth, não tenho nenhum ponto
negativo a indicar, achei-a bem conseguida e com o nome bem dito, projectado, à
gato e à Pokémon, tal como Mário Santos tem feito noutros lemas da Team
Rocket.
E a última fala? É sempre mais complicado avaliar a
prestação dos dobradores em falas em que falem vários ao mesmo tempo, mas
soou-me melhor do que o normal, penso que “Team Rocket!” teve uma
expressividade bastante interessante, impondo-se a quem os escuta, o que é o
desejável, por isso parabéns!
No geral, está um lema bom, dando apenas aquela impressão de
que os dobradores estão muito perto de fazerem um lema perfeito, faltando
apenas um pouco mais! Mas nota-se claramente um esforço em fazer um bom lema, e
tenho esperança de que estamos muito perto do apogeu dos dobradores a dizer o
lema.
A Team Rocket está numa nave voadora e, tendo a Zorua,
começa a ir embora! E conseguiriam fugir se o Golett do Luke não usasse Bola
Sombra para mandar o seu meio de transporte abaixo. Com direito a uma animação interessante na queda dos antagonistas.
Eles aterram de pé. Os três, não o Woobat, esse continua no
ar, mas está igualmente a olhar para os fedelhos. O Cilan ordena ao Luke que
continue a filmar e… É hora do ad-lib! O Capitão Cilan despe-se rapidamente…
revelando uma capa e uma máscara por baixo! Aparentemente, a Team Rocket estava
atrás das intenções criminosas do Capitão Cilan, que não passou de um peão que
estava a agir contra a sua vontade! A reacção da Team Rocket a isto é
hilariante.
E então o Feiticeiro Pokémon Cilan apresenta-se, e aparece a
lendária Mestre Dragão Iris para ajudar a lidar com os vilões, tudo isto ao som
da banda sonora do último Pokémon nos combates de ginásio nos jogos, uma das
minhas favoritas.
O Pansage do Feiticeiro Pokémon Cilan consegue libertar a
Zorua da sua prisão e a Fúria do Dragão do Axew da Mestre Dragão permite que
esta fuja dos temíveis vilões.
A Jessie ordena ao Woobat que use Golpe de Vento (numa fala
muitíssimo bem interpretada, principalmente o “escapar”) na Zorua, que a eleva
nos ares, mas, felizmente, a Tranquill do Ash apanha a Pokémon do Luke,
surpreendendo a Team Rocket.
De seguida, determinado, o James chama o Yamask e manda-o
usar Bola DE Sombra na Tranquill. Sim, “Bola de Sombra”, com “de” no meio, um
erro. Penso que tenha sido erro do próprio dobrador, não da tradução, dado o
nome correcto já ter sido dito mais do que uma vez no episódio (Bola Sombra). Mas
o Relâmpago do Pikachu do D. Ash impede que o ataque do Yamask atinja a
Tranquill e a Zorua, não impedindo, no entanto, a queda da Zorua para junto do
Meowth.
Agora o Meowth mostra as suas garras (literalmente) e avança
ameaçadoramente para a Zorua, mas esta ri-se e transforma-se… numa bela Meowth,
com um laço rosa e olhos sedutores! Pisca o olho ao Meowth… E pimba! O Brock da
Team Rocket derrete-se, esquecendo a sua missão!
Isto deixa a Jessie furiosa, que depressa se aproxima do
Meowth e lhe diz para atinar, chegando depois o James à cena, mandando-o “desapaixonar-se”
da Zorua. Adoro esta cena, e amei-a quando a vi na sua estreia em japonês. A
Team Rocket tem estado muito séria em missões e muitos diziam que esta era a
nova personalidade deles (mesmo tendo nós já visto o episódio dos Litwick e o
episódio em que eles voltam aos uniformes brancos), mas eu sempre pensei que
esta era a sua postura em missões, e que noutras situações eles continuavam
como sempre foram. E, a meu ver, esta cena dá-me razão. Ocorrendo algo
completamente inesperado, o Meowth mostra um traço da sua personalidade que
desde sempre o acompanha e vemos a Jessie e o James a mandarem vir com o Meowth,
e temos até uma pose de impaciente da Jessie. Gostei muito de ver a Team Rocket
numa cena mais “leve” a meio de uma missão.
No meio disto, a Zorua usa Ofuscamento Nocturno e a Team
Rocket vê-se obrigada a retirar-se. E apreciem a animação, particularmente os olhos do Meowth, que começa a “acordar”.
“Huh. Acho que é melhor retirarmo-nos.”
Raquel Rosmaninho, na sua frase, fez algo que me consegue
sempre deixar rendido: disse a sua frase com tamanha raiva que a voz veio com “picos”
de raiva. Hei-de arranjar uma melhor forma de representar pela escrita este
modo de dizer as falas, vejam a fala para poderem entender, assim como todas as cenas da Team Rocket do episódio. Creio que já o disse, mas repito-o, gostava
muito que Raquel Rosmaninho explorasse mais esta forma de interpretação de
frases da Jessie, incluindo a sua presença em lemas (e, na minha opinião, este
até é um mecanismo eficaz de criar impacto nos lemas).
A Team Rocket abandona a cena nos seus jetpacks e até temos
a estrela de quando eles partiam! Até à próxima, bravos guerreiros!
As filmagens continuam, agora com o Feiticeiro Pokémon Cilan
a chamar a atenção ao facto de a Princesa Pokémon afinal ser a Zorua, e a
verdadeira princesa não é nada mais, nada menos que a Mestre Dragão Iris! Fora
tudo um plano para despistar o trio de vilões. A (verdadeira) Iris vai percebendo
que sim, e agora a Mestre Dragão Iris revela que era uma farsa (isto já são
palavras minhas) e retira o seu fato, revelando o vestido da Princesa Yuria!...
E isto já num ecrã de cinema.
O Feiticeiro Pokémon Cilan e o Cavaleiro D. Ash, assim como
os seus Pokémon, julgam eterna lealdade à Princesa Yuria, perante os olhares de
deleite do público.
O filme acaba e há uma ovação em pé! E a Princesa Yuria, tal
como acontecia com os outros filmes, assiste também ao filme, juntamente com
os nossos heróis.
Na rua, vemos o poster do filme. O Luke agradece aos novos
amigos e o Cilan fala de especiarias cinematográficas. O Sr. Matthews, no
entanto, aponta que as cenas de combate podiam ter mais emoção, dando uma
sugestão ao Luke: que participe no Torneio de Combates de Nimbaça! Isto chama a
atenção do Ash.
O Luke decide participar! E o Ash informa que também o fará,
assim como a Iris e o Cilan! Muito bem! O Cilan lembra-os que isso significa
que serão todos rivais. A Iris mostra-se determinada em vencer, mas o Ash não
se mostra menos determinado no mesmo. O Cilan diz que isso significa que ganhará
um deles, então! Terá razão? Não sei, teremos de ver os episódios seguintes! E cessa
o episódio, com a introdução de um evento que dominará os próximos episódios.
Este foi em episódio muito agradável. Com certeza que não
será um clássico no sumo de toda a série Pokémon, mas é, sem dúvida, um clássico
instantâneo de Unova. A nível artístico (digamos assim) está muitíssimo rico: a
animação está exímia, a banda sonora impecável e a dobragem esteve muito bem. O
conteúdo também teve imensos detalhes interessantíssimos, e a premissa toda do
episódio foi interessante e eu julgo que o objectivo do episódio foi cumprido.
Quanto à dobragem, de uma forma mais detalhada, as vozes
estiveram praticamente todas no ponto e, mesmo tendo eu sido um pouco crítico
no lema da Team Rocket, considero que não prejudicou gravemente (de todo) a
qualidade global da dobragem do episódio. Só foi pena o erro do “Bola de Sombra”,
mas consigo viver com isso. Tenho de destacar o Pedro Manana enquanto Cilan, principalmente nas cenas em que estava a representar. Claro que isto não significa que os outros dobradores estiveram pior, a nível de interpretações houve um nível globalmente alto no episódio para todos. A Raquel Rosmaninho também esteve muito bem nas suas duas personagens, como já disse, o Pedro Mendonça brilhou no narrador do filme "Guerreiros Excelsos" e o seu James esteve bom, o Mário Santos fez um Meowth perfeito e o seu Luke estava interessante, muito coerente com o design da personagem, Isabel Queirós, particularmente enquanto lendária Mestre Dragão Iris, também se revelou muitíssimo competente, Zélia Santos mostrou a sua versatilidade na cena dos filmes e a sua Guerreira Excelsa estava potente, Edgard Fernandes fez um bom Pokédex (dentro do que isso lhe permite) e Rodrigo Santos esteve bem. E consegui destacar todos!
Que venham mais episódios do género! Gostava que houvesse
mais homenagens/referências a representações de arte no Pokémon. Isto é,
homenagens/referências que não sejam obliteradas pela tradução dos americanos. Gostei
muito.
Dei o meu melhor nesta análise extensa, embora reconheça que
os grandes destaques do episódio sejam elementos que nem sempre sejam fáceis de
transpôr para a escrita (tais como a animação). No início pensei que houvesse
pouco em que pegar para fazer uma análise extensa do episódio, mas, chegando ao
fim, admito ter começado a fazer a análise com uma ideia errada do episódio,
tendo sido mais acessível do que eu pensava que ia ser, embora reconheça que já tenha tido muito mais gozo a fazer análises de outros episódios. Ainda assim, espero que tenham
gostado!
Ash – Raquel Rosmaninho
Iris – Isabel Queirós
Cilan – Pedro Manana
Jessie – Raquel Rosmaninho
James – Pedro Mendonça
Meowth – Mário Santos
Luke – Mário Santos
Sr. Matthews – Rodrigo Santos
Guerreira Excelsa – Zélia Santos
Adversário da Guerreira Excelsa – Rodrigo Santos
Narrador do Filme “Guerreiros Excelsos, Parte 24” – Pedro
Mendonça
Personagem do outro mundo – Zélia Santos
Cleópatra – Zélia Santos
Personagem a preto e branco – Zélia Santos
Pokédex – Edgard Fernandes
Narrador – Mário Santos
não consigo ver as imagens ou vídeos
ResponderEliminarAliás consigo ver os vídeos mas não as imagens
EliminarPenso que o problema já está resolvido!
ResponderEliminarJá tinha saudades de ler os teus artigos. Ainda não perdeste o jeito ;)
ResponderEliminarBem continuo sem conseguir ver, mas talvez seja problema meu. Mas como ou sem imagens o artigo está muito bom.
ResponderEliminarJá experimentaste abrir as imagens com um outro browser ou assim?
EliminarNada mau, o artigo! Parabéns! ;D
ResponderEliminarAh, esqueceste de referir uma das cenas mais engraçadas do episódio: a briga entre a Snivy do Ash e a Emolga da Iris, com resultados comicamente catastróficos! xD
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